Do interior de Minas ao terminal de tubarão, em Vitória, o minério de ferro viaja até dez horas. A cabine cheia de telas e botões exige concentração. Nada pode sair dos trilhos na logística da segunda maior mineradora do mundo.
“Tem gente que acha que é só apertar botão, mas não é isso não. Se você não tiver atenção, você pode provocar um acidente, aí você pode machucar pessoas”, diz Jean Castro, maquinista.
A responsabilidade do maquinista é do tamanho do trem, que aqui chega a ter 320 vagões, o equivalente a R$ 5 milhões em minério de ferro.
Para transportar tanta riqueza, é preciso seguir uma série de regras que a educação a distância está ajudando a lembrar.
Em cada parada no meio do caminho, o professor vai junto, dentro da mala.
O curso, gravado em CD, roda em qualquer computador. Com exemplos práticos, explica todos os mandamentos de quem mantém o trem na linha.
A tecnologia resolveu o problema da falta de tempo.
“Eu viajo por semana seis dias. Se fosse só na sala de aula, com certeza era mais difícil,” diz Jean.
Com funcionários espalhados por 13 estados, a empresa já treinou 60 mil pessoas dessa forma. O investimento chega a 4 milhões e meio de reais por ano.
“Há uma economia porque enquanto na educação presencial você investe em deslocamento, passagem, hospedagem, alimentação desse empregado com a EAD você tem um investimento inicial maior, mas que ele se dilui com o passar do tempo pelo número de empregados que ele atinge”, conta Ana Claudia Freire, gerente de tecnologia educacional da Vale.
Um em cada quatro reais investidos em educação corporativa no Brasil já é aplicado em cursos à distância. O último levantamento do setor também revela que os mais comuns são: tecnologia, finanças, vendas e gestão de negócios.
Esse é o tema da especialização de Josemir. Ele controla a circulação dos trens de minério e nos intervalos estuda pela internet.
“O curso a distancia pra mim foi inicialmente uma surpresa mas ele superou as minhas expectativas”, diz Josemir Machado de Paula, supervisor do centro de controle da ferrovia Vitória-Minas.
O conteúdo foi produzido nessa escola no Rio de Janeiro. Levando professores para frente das câmeras, a tradicional fundação Getúlio Vargas já tem mais de cem cursos virtuais.
“Ano passado, nós faturamos R$ 32 milhões e a gente pretende crescer em torno de 25% esse ano. É um negócio novo, é um mercado em expansão”, conta Stavros Xanthopoylos, diretor executivo da FGV online.
Tão aquecido que quem prepara os cursos passou a ser disputado.
“Algumas vezes a gente já observou essa disputa. São poucos profissionais hoje em dia no mercado e você não tem uma formação pra ensino à distância”, diz Sandro Bonadia, coordenador de cursos da FGV online.
Em vez de um professor, é sempre uma equipe que define o conteúdo das aulas. Tudo é discutido: do objetivo...
“Abrir a cabeça das pessoas para o que é o negócio delas de verdade.”
...à melhor forma de prender a atenção dos alunos.
“A gente pode usar vídeos, jogos, quadrinhos, ou qualquer tipo de recurso que ajude o aluno a compreender melhor um conceito”.
A fórmula para encurtar a distância é aumentar a interatividade.
No Senac de São Paulo, a criação do material didático lembra roteiro de cinema.
“É uma interação, um personagem que entra, qual o tipo de locução, a entonação dessa locução”, diz Fernando Weno, coordenador de produção do Senac.
Muitas vezes, o orçamento também é digno de uma super produção.
“R$ 100 mil, R$ 500 mil e a gente já teve projetos que passaram de R$ 1 milhão”, diz Mauricio da Silva , gerente de atendimento corporativo do Senac.
O uso da tecnologia faz os professores reaprenderem a ensinar.
Diante desses computadores, gente que trocou o giz pelo teclado.
Aqui eles descobrem como tirar dúvidas e mediar debates pela internet.
A gente tem que buscar, captar essa aproximação, fazer uma brincadeira.
“O aluno de longe consegue te trazer informações. A gente como professor não pode deixar de ser um aprendiz eterno. Acaba realmente com as fronteiras.”
É pela internet que kelly, de 17 anos, e Guilherme, de 20, estão aprendendo a ser empresários. Há oito meses, o casal montou uma fábrica de carimbos na sala de casa.
Improviso, só nas instalações. Num curso gratuito do Sebrae, eles descobrem noções básicas de administração.
“A gente não pode pegar o primeiro mês de salário e já achar que o dinheiro é nosso. Não é nosso. É da empresa. Procurar sempre investir”, conta Kelly Cristina, microempresária.
O trabalho e uma mãozinha da educação à distância ajudam a encurtar o caminho para o sucesso.
“Hoje tem essa tecnologia que a gente pode aproveitar. E graças a deus a gente de pouquinho em pouquinho está chegando lá, está conseguindo conquistar esse objetivo”, diz Guilherme Bezerra da Silva, microempresário.
Esta é uma oportunidade de adquirir e aumentar seus conhecimentos.